Um estudo recente da FGV estabelece uma correlação entre a diminuição na busca por emprego e o aumento no valor do Bolsa Família.
A suposição de que, ao receber o Bolsa Família, as pessoas deixam de buscar trabalho é comum. Essa teoria não se confirmou estatisticamente por anos. Porém, essa situação parece estar mudando, conforme revela um novo estudo da Fundação Getúlio Vargas (FGV). O estudo sugere que os pagamentos do benefício podem estar influenciando as taxas de desemprego.
A pesquisa da FGV relaciona os pagamentos do programa à queda aparente do desemprego no país. Eles destacam que a contagem de desempregados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) inclui apenas aqueles que estão ativamente procurando emprego e não conseguem encontrar.
Uma pessoa desempregada que não está em busca de trabalho, por exemplo, não é contabilizada pelo IBGE como desempregada. Assim, uma possível diminuição no desemprego no Brasil pode estar sendo encoberta por uma provável redução na busca por trabalho.
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Como o Bolsa Família se encaixa nisso?
De acordo com os pesquisadores da FGV, o Bolsa Família pode estar contribuindo para esse fenômeno. Ao receber os valores do programa social, alguns indivíduos podem parar de procurar trabalho, talvez por medo de perder o benefício social fornecido pelo governo federal.
Conforme as regras do Ministério do Desenvolvimento Social, Família e Combate à Fome, o cidadão não pode ter uma renda per capita maior que R$ 660. Se ultrapassar este valor, ele perde o direito ao benefício. Se exceder R$ 218, o valor já é reduzido pela metade.
Crescimento do impacto
O impacto do programa nas taxas de desemprego tem aumentado nos últimos anos, de acordo com o novo estudo da FGV. Isso acontece porque houve um aumento significativo no valor pago pelo programa social aos seus beneficiários, bem como um aumento no número de atendidos.
De acordo com o Ministério do Desenvolvimento Social, atualmente um beneficiário do Bolsa Família pode receber mais do que um salário mínimo, dependendo da quantidade de membros em sua casa. Uma mulher com dois filhos menores de seis anos, por exemplo, recebe R$ 900 para começar.
Para efeito de comparação, o Bolsa Família pagava, até o final de 2021, uma média de R$ 189 por família. Desde então, o número total de usuários cresceu significativamente, passando de cerca de 14 milhões em agosto de 2021 para pouco mais de 20 milhões agora em julho de 2023, de acordo com dados oficiais do Ministério do Desenvolvimento Social.
“Bolsa Família se tornou o principal suspeito para explicar essa mudança no número de pessoas empregadas ou procurando emprego no Brasil. É importante notar que estudos anteriores sobre o Bolsa Família nunca confirmaram claramente essa relação entre o programa e a saída das pessoas do mercado de trabalho, especialmente porque o valor do benefício era baixo”, disse o economista Fernando de Holanda Barbosa Filho, coordenador do estudo.
“Também descobrimos que os grupos sociais que mais contribuíram para a queda na taxa de participação no mercado de trabalho foram as pessoas com menor renda e grau de escolaridade. Precisamente, aqueles que participam do Bolsa Família”, acrescentou ele.
Pagamentos do Bolsa Família em julho
Os pagamentos do Bolsa Família de julho começaram justamente nesta terça-feira (18). Hoje, por exemplo, é a vez dos usuários que possuem o Número de Identificação Social (NIS) final 1. Veja o calendário completo abaixo:
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- Usuários com NIS final 1: 18 de julho (terça-feira);
- Usuários com NIS final 2: 19 de julho (quarta-feira);
- Usuários com NIS final 3: 20 de julho (quinta-feira);
- Usuários com NIS final 4: 21 de julho (sexta-feira);
- Usuários com NIS final 5: 24 de julho (segunda-feira);
- Usuários com NIS final 6: 25 de julho (terça-feira);
- Usuários com NIS final 7: 26 de julho (quarta-feira);
- Usuários com NIS final 8: 27 de julho (quinta-feira);
- Usuários com NIS final 9: 28 de julho (sexta-feira);
- Usuários com NIS final 0: 31 de julho (segunda-feira).