O programa de reestruturação de débitos do governo federal, intitulado Desenrola, está em risco de encerrar suas operações antes do prazo devido a demoras no processo legislativo no Senado. Este cenário vem causando controvérsias significativas, especialmente no que tange às taxas de juros rotativos de cartão de crédito, uma vez integrados ao programa. Desde sua implantação em julho deste ano, o Desenrola viabilizou a reestruturação de R$ 13,2 bilhões em débitos. Contudo, caso o relator da proposta de lei no Senado, Rodrigo Cunha (Podemos-AL), mantenha seu plano de só apresentar seu relatório em 30 dias, o programa pode enfrentar uma suspensão.
Atraso no Processo e Perigo de Suspensão
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Atualmente, o Desenrola opera com base em uma Medida Provisória, válida até 3 de outubro. Contudo, devido a conflitos entre a Câmara e o Senado sobre o processamento de MPs, resolveu-se converter o programa em um projeto de lei com tramitação urgente. Assim, a aprovação do projeto até o dia 3 de outubro é imperativa para evitar a interrupção do programa. Mesmo já tendo recebido o aval da Câmara, qualquer alteração feita pelo Senado faria com que o projeto voltasse à Câmara para nova apreciação.
Enfoque nas Taxas de Juros do Rotativo do Cartão
O foco do Desenrola está principalmente na reestruturação de débitos, mas a questão central envolve as taxas do rotativo do cartão de crédito, agora integradas ao programa. Na Câmara, estabeleceu-se que se o setor financeiro não propusesse, em até 90 dias após a sanção da lei, uma alternativa para as elevadas taxas de juros, o limite seria de 100% do valor principal do débito. Anteriormente, as taxas de juros rotativos alcançavam aproximadamente 450% ao ano.
Colapso do Desenrola e suas Repercussões
Um eventual colapso do Desenrola não beneficia qualquer parte, seja governo ou bancos. O estágio atual do programa já autoriza consumidores com ganhos de até R$ 20 mil por mês a reestruturarem suas dívidas diretamente com os bancos. Se a Medida Provisória expirar e o projeto de lei não receber sanção, todos os acordos já estabelecidos ficariam comprometidos. Ademais, a interrupção seria particularmente prejudicial quando cidadãos de baixa renda ganhassem acesso para reestruturar débitos de até R$ 5 mil com bancos, comércios e fornecedores de serviços públicos. Para dar suporte a esta operação, o Tesouro Nacional alocou R$ 8 bilhões do Fundo Garantidor de Operações (FGO).
Perspectiva de Continuação do Desenrola Brasil
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Segundo o calendário divulgado pelo Ministério da Economia, a previsão é que os brasileiros possam acessar o sistema ainda este mês, contudo, isso está atrelado a um leilão entre credores, que será promovido pela B3 em breve. Neste leilão, as empresas competirão pelos maiores descontos, e as que propuserem os maiores descontos receberão o refinanciamento pelos bancos com a garantia do FGO.
O Desenrola representa uma iniciativa crucial do governo federal para auxiliar os brasileiros em suas dívidas. Todavia, as delongas no Senado estão ameaçando a persistência do programa, sendo a inclusão das taxas de juros do rotativo do cartão de crédito o ponto de maior contenda. Se o projeto de lei não for ratificado até 3 de outubro, o programa pode sofrer suspensão, pondo em risco todos os acordos já concretizados. É vital que o Senado acelere o processo legislativo para assegurar a continuidade do Desenrola e prover um respiro financeiro aos cidadãos brasileiros endividados.