Em 2023, a fome ainda assola milhões de brasileiros. Apesar de algumas melhorias em relação aos anos anteriores, o IBGE revelou que quase 3 em cada 10 lares no país (27,6%) sofrem com algum grau de insegurança alimentar. Isso significa que 64,2 milhões de pessoas não têm acesso pleno e regular à alimentação básica.
Insegurança Alimentar: Redução em relação a 2018, mas ainda acima de 2013
Embora os números representem um avanço em relação à POF (Pesquisa de Orçamentos Familiares) 2017-2018, quando a taxa era de 36,7%, a situação ainda é preocupante, principalmente se comparada à Pnad (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua) de 2013, quando o índice era de 22,6%.
A melhora na segurança alimentar entre 2018 e 2023 pode estar relacionada a alguns fatores, como a recuperação do mercado de trabalho, a ampliação de programas sociais e a deflação dos preços dos alimentos no ano passado.
Apesar da melhora geral, os dados do IBGE revelam que os grupos mais afetados são aqueles que já sofrem com outras desigualdades sociais e econômicas. Por exemplo, 34,5% dos domicílios na área rural convivem com o problema, contra 26,7% nas áreas urbanas.
Grupos mais impactados
- Renda: Famílias com renda per capita inferior a meio salário mínimo são as mais afetadas de forma moderada ou grave;
- Escolaridade: Apenas 7,9% dos domicílios com insegurança alimentar têm como responsáveis pessoas com curso superior completo, enquanto 23,4% dos lares com segurança alimentar possuem esse nível de escolaridade;
- Cor ou raça: Pardos e pretos são responsáveis por um percentual maior de lares com insegurança alimentar do que sua proporção na população total;
- Gênero: Mulheres são as responsáveis por 59,4% dos lares que sofrem nesse quesito, enquanto homens são os responsáveis em 40,6%.
Segurança alimentar
Para o IBGE, uma família está em segurança alimentar quando tem acesso regular e permanente a alimentos de qualidade e em quantidade suficiente, sem comprometer o acesso a outras necessidades. Em 2023, 72,4% dos lares brasileiros (56,7 milhões) estavam nessa situação.
O que é insegurança alimentar
O IBGE divide a insegurança alimentar em três categorias: leve, moderada e grave. A insegurança alimentar leve envolve a preocupação com o acesso à comida no futuro, afetando a qualidade da alimentação.
Na insegurança alimentar moderada, há redução na quantidade de comida e ruptura nos padrões de alimentação. Já na insegurança alimentar grave, a restrição de alimentos também afeta as crianças, com ruptura nos padrões de alimentação por falta de comida para todos os moradores.
Embora os dados mostrem uma melhora em relação a 2018, a fome ainda é uma realidade para milhões de brasileiros.
Combater a insegurança alimentar exige medidas que ataquem as desigualdades sociais e econômicas, além de políticas públicas que garantam o acesso pleno e regular à alimentação de qualidade para toda a população.
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